quinta-feira, 11 de março de 2010

Resumo da história do PSD até a morte de Sá Carneiro

A 6 de Maio de 1974 surge o PPD.

Fundado com uma base de três linhas de pensamento distintas embora complementares.
Uma linha Católica-Social, nascida entre 55 e 65 como reacção contra o corporativismo de estado;
Uma linha Social-Liberal, ligada à social democracia defensora da democratização do Estado Novo e ligada ideologicamente à ‘ala liberal’;
Finalmente, uma linha Tecnocrática-Social, com preocupações mais ligadas ao desenvolvimento económico, privilegiando mudanças sociais e culturais como meio determinante de promover e alargar a democracia.

A 7 de Maio, o trio fundador, Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota, preparam um anteprojecto de bases programáticas. Barbosa de Melo reage, “Há um equívoco. Vocês fizeram as bases programáticas de um partido liberal...”.
Após intensa discussão, Barbosa de Melo parte para Coimbra para, com Mota Pinto e Figueiredo Dias, ultimar novas linhas programáticas. Sinal dos tempos, a Social-Democracia vencia o Social-Liberalismo.

O nome PPD foi sugerido por Rúben Leitão ao lembrar que muitos partidos de centro e Sociais-Cristãos, antes da 2ª Grande Guerra, se chamavam Populares. Sá Carneiro, e outros, desejavam que o novo partido fosse denominado de PSD, contudo, havia já o Partido Cristão Social Democrata (PCSD), que acabou por se extinguir em menos de um mês.

A cor laranja foi avançada por Conceição Monteiro como sendo uma cor quente, mas não vermelho, ideologicamente conotado com o PCP e o PS. Laranja apareceu nesse ano como a cor da moda internacional e a Carris tinha acabado de encomendar uma frota de autocarros cor-de-laranja.

O símbolo nasce em Julho, a autoria pertence sobretudo a Augusto Cid, embora haja múltiplos e alegados pais da ideia.
A sua mais completa teorização deve-se a Pedro Roseta. Corria o ano de 1931, quando em Heidelberg, uma das muitas cruzes suásticas aparecia cortada por um traço grosso de giz branco. Em pouco tempo a população Social-Democrata desta cidade lançava-se à destruição destas cruzes. O traço tornava-se seta e esta transformava-se em três, simbolizando os três factores do movimento: o poder político e intelectual, a força económica e social e a força física.

Para o PSD as setas passaram a representar os valores fundamentais da Social-Democracia: a liberdade, a igualdade e a solidariedade.
As cores simbolizam correntes de pensamento que contribuíram para a síntese ideológica e de acção da social democracia: o preto, os movimentos libertários do séc. XIX; a vermelha, as lutas das classes trabalhadoras e a branca, a tradição Cristã e humanista da Europa.


Na primeira semana de Junho de 74 três dezenas de jovens, liderados por António Rebelo de Sousa, criam o ‘Núcleo de Jovens do PPD’ que, ainda nesse mesmo mês, se transforma na JSD. Em Novembro de 74 realizou-se o primeiro Plenário Nacional da JSD onde foram aprovados os primeiros estatutos da estrutura.
Fica, desde logo, como uma estrutura autónoma do PSD, apresentando um posicionamento programático claramente mais à esquerda, uma voz crítica e sem tabus, mas que, com o tempo, passou a alinhar mais com a base programática do partido. Mais ao centro e abandonando a ‘irreverência esquerdista’ que a caracterizou inicialmente.

O I Congresso Nacional da JSD realizou-se em Lisboa, a 31 de Maio de 75.

A CPN saída do Congresso era constituída por António Rebelo de Sousa, Guilherme d` Oliveira Martins, Pedro Jordão, Paulo Costa, José Hernandez, António Cerejeira, Manuel Álvaro Rodrigues, José Mota Faria, José Carlos Piteira e José Coelho.As ideias chave lançadas consistiam na abolição da sociedade capitalista em prol do socialismo democrático, num repúdio pelo neo-capitalismo e pela estatização burocratizante.

Considerou-se que a sociedade socialista desejada só poderia ser alcançada com a socialização dos meios de produção e o controle democrático do poder político e económico pelas classes trabalhadoras.

Henrique Chaves, Jorge C. Cunha, Francisco Motta Veiga, Carlos Cruz, António Fontes, António Rebelo de Sousa e Guilherme d` Oliveira Martins, foram as figuras de ‘proa’ do movimento. Rebelo de Sousa e Guilherme d` Oliveira Martins, com maiores conhecimentos teóricos sobre Ciência Política, ficaram célebres com os artigos que, um e outro, iam publicando no primeiro jornal nacional da JSD, o ‘Pelo Socialismo’.
Ficaram para a história as conversas que mantinham no jornal, classificavam-nas como sendo uma “forma original de comentário político, com evidentes vantagens e os inconvenientes de se tratar de um texto discursivo, logo menos sintáctico”.

Também em 75, Sá Carneiro é substituído interinamente por Emídio Guerreiro, devido a problemas de saúde; regressa à liderança em Novembro e força a primeira grande cisão dentro do partido.
Sentia que era o momento de manter, ou não, a opção de ser um partido de esquerda. No II Congresso Nacional, realizado em Aveiro, Sá Carneiro consolida a sua liderança, afasta-se da esquerda e rompe com as ideias de Emídio Guerreiro que defendia que o PPD deveria constituir-se como o partido da esquerda democrática.
Aceite a visão contrária, o PPD torna-se assim o maior opositor do PS.

Em conjunto com o CDS, liderado por Freitas do Amaral, desenha-se a ‘Convergência Democrática’, que mais não era do que a base para uma estratégia de bipolarização do espectro político e que se viria a consubstanciar mais tarde na formação da Aliança Democrática (AD).Mas a ‘ala esquerda’ do partido tinha vindo a ganhar expressão e insistia numa aproximação ao PS e à esquerda e, em 77, Sá Carneiro, sentindo perdida a sua base de apoio demite-se de presidente.

É substituído interinamente por Sousa Franco que marca um Congresso para finais de Janeiro de 78.
Entretanto, cai o Governo de Mário Soares.
A ‘Convergência Democrática’ deixa de fazer sentido e, ainda mais, quando o novo governo empossado é de coligação PS-CDS.O Congresso do Porto, em 78, é marcado pela eleição de Sousa Franco, em lista única e por uma direcção apologista da via Socialista. Mas Sá Carneiro não desiste. Torna-se numa espécie de ‘franco-atirador’ insurgindo-se contra o Governo e contra o Presidente da República Ramalho Eanes.

A nova direcção do PPD, incomodada e desautorizada pelo carisma do seu fundador demite-se dois meses depois de ser eleita.
O VI Congresso, o segundo de 78, marca o regresso de Sá Carneiro à liderança do partido, finalmente rendido à sua estratégia.

A nova liderança é marcada por três frentes de batalha: contra Eanes, contra o Conselho da Revolução e pela constituição da ‘Aliança Democrática’.

A bipolarização é apresentada como a única forma de se atingir a meta de ‘Um Governo, uma Maioria e um Presidente’. Coligado com o CDS e o PPM, o PPD forma um governo apoiado por uma maioria parlamentar e lança-se em apoio à candidatura de Soares Carneiro.

Sá Carneiro morre a 4 de Dezembro de 1980, vítima de um acidente de aviação, quando se deslocava para o comício do Porto em apoio da candidatura de Soares Carneiro. Dias depois, Eanes é reeleito Presidente da República.

Publicado por Bruno Pereira,
retirado do site do Partido Social Democrata

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