O desenvolvimento da rede do Metro do Porto é, pela sua morfologia, rapidez de execução e resultados no ambiente urbano e mobilidade da área metropolitana, um projecto aclamado por todo o mundo. Recebeu, em 2008, da UITP, os prémios para “Melhor Novo Sistema de Metro Ligeiro” e “Melhor Novo Projecto de Metro Ligeiro”.
A sua disposição radial em torno da Baixa do Porto procura responder ao modelo de viagens pendulares entre as cidades dormitórios periféricas e a cidade-mãe que durante décadas foi uma realidade marcada.
Recentemente, porém, os comportamentos diversificaram-se e, com estes, as origens, destinos, trajectos, motivos e horários dos fluxos.
Cresce, portanto, a necessidade de uma ou várias linhas circulares que acompanhem o desenvolvimento da rede, fechando-a. Só assim, esta poderá funcionar como uma verdadeira rede, diversificando grandemente a oferta e servindo mais utentes.
A Norte do rio Douro, as linhas de São Mamede e do Campo Alegre parecem servir este propósito na perfeição, mas os custos avultados dos investimentos envolvidos e a priorização das linhas radiais afastaram-nas para um horizonte relativamente distante que não faz justiça às populações das áreas cobertas por estas linhas.
Esta observação não se adequa apenas aos habitantes de São Mamede, Foz do Douro e Campo Alegre, directamente servidos pelas linhas. A configuração actual da rede limita demasiado a oferta de trajectos aos utentes das periferias.
Por exemplo, não é aliciante para um estudante residente em Matosinhos a utilização do Metros para as suas deslocações diárias ao Pólo Universitário da Asprela. O transbordo obrigatório na Trindade mora demasiadamente a viagem, mantendo-se a VCI como a opção mais atractiva, pela rapidez que proporciona nestes trajectos.
Isto leva ao congestionamento indesejável da estação de interface da Trindade e do troço comum da rede entre a Senhora da Hora e o Estádio do Dragão, pondo em causa a sustentabilidade operacional de toda a rede.
Por outro lado, esta incapacidade de atrair os utilizadores do automóvel põe em causa a sustentabilidade financeira do projecto e limita os benefícios expectáveis no território e na acessibilidade.
A antiga linha ferroviária de Leixões assumia-se, portanto, pelo seu percurso e pelos canais que mantinha desocupados, como uma alternativa excelente que poderia desempenhar a função de anel em Matosinhos e Porto Oriental, possivelmente com uma exploração típica de comboio urbano, com poucas paragens e com a rede da STCP a fazer a complementaridade que permitiria alimentar a linha, graças ao recentemente criado cartão multimodal Andante.
Assim, quando a reactivação da linha foi anunciada, o corpo técnico do núcleo salvou a iniciativa que se afigurava como potencialmente muito importante para a qualidade de vida dos matosinhenses em geral e mamedenses em particular. Para isto, bastava que a linha fosse reactivada entre Leixões e o Hospital de São João, providenciando-se aqui uma interface pedonal de cerca de 200m. Ainda assim, o potencial da linha não se ficaria por aqui. A linha segue pela parte mais oriental do Porto até à estação de Campanha. Infelizmente, a enorme capacidade desaproveitada desta estação parece estar a ser guardada para o tão necessário comboio de alta velocidade que parece que nunca mais vem. A linha tinha ainda o desvio que conhecemos até Ermesinde.
Infelizmente, estas potencialidades não foram aproveitadas, frustrando as nossas expectativas. De facto, o serviço foi implementado da forma mais ridícula possível, ligando, literalmente, nenhures a sítio nenhum. Para além de São Mamede há apenas 3 estações: São Gemil, Ermesinde e Leça do Balio (que de Leça só tem o nome, já que está localizada num ermo autêntico encostado à Via Norte e à fracturante nova auto-estrada.
Infelizmente, a CP já nos habituou a este tipo de decisões. Por isso mesmo é que são indispensáveis administrações municipais e freguesias atentas e reivindicativas que protejam os nossos interesses face às decisões tomadas a nível nacional sem conhecimento ou preocupação com os anseios das populações locais.
Os longos anos de administração “socialista” em Matosinhos provaram-na incapaz de exercer esta protecção aos munícipes e fregueses, pelo que se clama agora por novas equipas, tecnicamente competentes, que respondam ao apelo dos muitos que, vendo a sua terra maltratada, não desistem de lutar pela qualidade de vida que é sua por direito constitucional.
Publicada originalmente em http://diptta.blogspot.com/2010/03/o-desenvolvimento-da-rede-do-metro-do.html
ola bruno toca a trabalhar para ganhar-mos alguma coisa essa coisa será a junta de frguesia daqui por três anos assim o espero
ResponderEliminaraquela linha é uma vergonha. não há ninguem que defenda os interesses de sao mamede!
ResponderEliminarAssim, esperámos mas para isso temos de mostrar aos nosso cidadãos que temos um grupo, um projecto e acima de tudo que vamos inovar e melhorar a nossa querida cidade.
ResponderEliminarUm abraço Bruno Pereira
A aposta nesta linha ferroviária de passageiros não foi feita da melhor forma,apesar das grandes potencialidades que ela possui.Em termos estratégicos e da localização da cidade,a solução poderia ser muito bem a que é referida no artigo,visto ser claramente mais vantajosa.
ResponderEliminarPara além de não beneficiar verdadeiramente a população de São Mamede,a CP demonstra uma falta de racionalidade em termos de investimento,porque,evidentemente,esta linha trará um prejuízo acrescentado.A Câmara de Matosinhos e a Junta de Freguesia de São Mamede têm a obrigação politica de olharem pelos interesses da população,e,mais uma vez,isso não foi alcançado.
Elucidar os mamedenses para estas situações altamente desvantajosas,tal como é actualmente,é essencial para saber pensar politica com bom senso e ponderação.
Não há duvida que esta rede do Metro é ruinosa para o erário público. Uma reorganização equilibrada da rede de ferrovia já existente seria muito mais profícua.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário, Rui, mas sou obrigado a discordar.
ResponderEliminarA Metro do Porto está a construir uma rede muito bem concebida, de impacto muito alargado, não só enquanto sistema de transporte colectivo, mas também como factor de requalificação e racionalização do espaço urbano, reforçando o sistema policêntrico da área metropolitana.
A longo prazo, os canais ferroviários existentes serão necessários, quando finalmente tivermos uma administração central que compreenda o papel privilegiado da ferrovia pesada no transporte de mercadorias.
A linha de Leixões, entre Campanhã e Esposade, por outro lado, não apresenta potencial para o transporte de mercadorias. Daí que tenha defendido que este canal pudesse ser aproveitado para a nova linha de São Mamede.
No entanto, a nova linha de metro prevista para São Mamede é uma solução francamente melhor, ainda que financeiramente mais pesada, pelo que será uma questão de escolha entre o ideal e mais caro ou o satisfatório e mais barato.
O que não faz sentido nenhum é a exploração que está a ser feita desta "linha de comboio".
Sem dúvida. Esta linha não tem uso nenhum. Mas as muitas linhas desactivadas do Porto e de Matosinhos estão a apodreçer quando podiam estar a ser reaproveitadas para o metro, originando soluções muito mais baratas que as que foram feitas.
ResponderEliminar