sexta-feira, 12 de março de 2010

São Mamede de Infesta, cidade-morro

A posição topogeográfica privilegiada de São Mamede tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento demográfico galopante sofrido nas últimas décadas, sendo uma das poucas vantagens comparativas subsistentes desta nossa cidade relativamente a outros espaços suburbanos da cidade do Porto. Infelizmente, os actuais responsáveis políticos locais parecem não perceber a importância deste factor que pode ser determinante para a evolução e posicionamento da cidade no contexto metropolitano.

Documentos do século XII referiam uma São Mamede de Tresores, termo que deriva dos três orres, ou vales, que efectivamente ladeiam a cidade. Também o determinativo Infesta – termo arcaico que significa subida, encosta, costa ou costeira – enfatiza a posição da cidade numa elevação que domina o rio Leça.

Esta condição de cidade em morro possibilitou que o desenvolvimento urbanístico respeitasse uma espécie de cintura verde, muito semelhante às enraizadas ideias anglo-saxónicas de Green Belt, ainda que a uma escala reduzida e completamente independente de qualquer forma de planeamento urbanístico. A geração espontânea destas circunstâncias é um legado que não pode ser desaproveitado.


Esta cintura verde foi capaz de proporcionar à nossa cidade uma excepcional qualidade do ar e da água, apesar das débeis políticas municipais relativamente ao controlo de descargas ilegais nos cursos de água e ao domínio do tráfego automóvel crescente.

A cintura verde é igualmente uma oportunidade única de assegurar que a população continue a ter acesso a espaços rurais e às oportunidades educacionais e recreativas que lhe são inerentes, assim como de proteger o carácter singularmente rural da freguesia, evitando que seja apaticamente absorvida pela expansão suburbanizante da metrópole portuense.

Mas, após dezenas de anos de autoridade socialista, esta oportunidade ainda não foi aproveitada e tem, inclusivamente, nos anos mais recentes, sido perigosamente ameaçada.
A extensão urbana do IP4, muito eficaz no acréscimo de acessibilidade rodoviária a nível metropolitano, penalizou muito a nossa freguesia, estabelecendo uma implacável barreira artificial onde deveria existir exclusivamente a barreira natural estabelecida pela topografia e complementada pelo curso do rio Leça.

Infelizmente, este não é o único sinal da incapacidade administrativa local de proteger os interesses estratégicos da nossa freguesia. O Plano Director Municipal em vigor não protege convenientemente esta cintura verde protectora, estabelecendo áreas industriais e de equipamentos em zonas essenciais à manutenção deste pequeno pulmão verde em meio urbano.


É essencial que a população esteja informada acerca destas e outras questões que, embora de teor tendencialmente técnico, são determinantes para o futuro da freguesia e do concelho em que vivemos. É essencial o exercício de uma cidadania atenta e crítica, para que percebamos que a actual administração pública em São Mamede e em Matosinhos não está a proteger a boa conformação do nosso território a médio e longo prazo.

O núcleo do Partido Social-democrata pretende ser o veículo desta cidadania democrática informada, pelo que utilizará este e outros instrumentos para desmascarar os defeitos do exercício político socialista no passado e na actualidade. A equipa técnica no núcleo estará, como sempre, disponível para qualquer esclarecimento pedido pelos fregueses e munícipes, acerca dos temas abordados ou de outros que achem relevantes.

3 comentários:

  1. Observção muito inteligente.
    É bom constatar que há mais neste partido do que o simples mal-dizer partidário.

    José Ferraz Alves

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  2. Caro Ferraz Alves,

    Neste partido sempre houve boas ideias.
    Ainda assim, é louvável que haje este tipo de visão a nível local.
    É muito importante que haja pessoas tambem a nível local que "pensem" a politica. E não só os jogos partidários que refere.
    Parabéns ao nucleo de São Mamede!

    Manuel Nobre, matosinhense

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  3. Excelente observação, Nelson. Parabéns!

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