Vou por minhas palavras tentar esclarecer um pouco estes conceitos. Nós sabemos que todas as organizações humanas tendem a ser bipolares, assim divide-se a opinião pública em duas grandes correntes, é um processo natural. Assim, a sociedade portuguesa em termos políticos divide-se entre esquerda e direita.
Procurei definições correctas de o que era esquerda e o que era a direita, o melhor que arranjei(na minha opinião), foi na Internet e são as seguintes frases, uma de Rousseau e outra de Nietzsche, passo a citar os autores, segundo o primeiro, os homens nascem iguais, mas a sociedade é que os torna diferentes, esta é a ideia de esquerda. Para Nietzsche, os homens nascem diferentes e a sociedade é que os torna iguais, isto é o que pensa a direita.
Esta classificação já tem 200 anos e vem do tempo da Revolução Francesa, quando a Assembleia legislativa fica dividida entre os constitucionais( eram moderados e queriam reconhecer os poderes constitucionais do Rei), e os jacobinos que se sentaram a esquerda( são contra a inserção dos poderes reais como constitucionais).
Etimologicamente, a palavra esquerda tem um sentido negativo, em latim é sinistra, pelo contrário a direita está associada ao que é normal, ao que corresponde ao comportamento correcto.
Há outras ideias associadas a direita e esquerda, como reparei no âmbito da minha pesquisa, há o sentido popular de a direita ser mais individualista ou adepta da diferença, enquanto a esquerda será mais colectivista ou partidária da igualdade. Mas, além disso, identifica-se a direita como defensora dos interesses dos patrões e a esquerda como defensora dos interesses dos trabalhadores.
Estas ideias, pelo menos algumas delas estão ultrapassadas, pois prova disso é que os partidos de esquerda quando chegam ao poder abdicam de certos princípios e governam à direita das posições que defendiam quando eram oposição. Vejam o exemplo de Guterres que se dizia adepto de uma terceira via, e que foi acusado de fazer o jogo da direita, ou Tony Blair e Gehrard Schroeder que são casos de políticos de esquerda que governaram na Inglaterra e Alemanha, respectivamente e que se moderaram no exercício do poder.
Mas é verdade dizer que a direita é individualista, que confia mais na sociedade civil, no investimento privado, enquanto que a esquerda é mais colectivista, que desconfia do vulgo interesses privados. Logo se constata que a esquerda é mais adepta de mais impostos, para permitir ao estado maior intervenção, a direita opta sempre por menos impostos, para permitir que a sociedade civil tenha maior iniciativa. Por exemplo é com o PPD-PSD e Cavaco Silva ao governo que aparece o primeiro canal de televisão privado, a SIC.
Assim é de referir que isto é um problema histórico-social do nosso Portugal, pois é de notar que os países semi-monárquicos são mais desenvolvidos que os não monárquicos dentro da União Europeia, assim se vê pela Espanha, pelos Países Baixos( Holanda, Bélgica e Luxemburgo), e pelos países escandinavos, Suécia, Noruega.
Disse um problema histórico porque, durante a época dos descobrimentos e de hegemonia portuguesa no mundo, o comércio das especiarias foi controlado na integra pela nobreza secundada pelo clero, na sua ideia de espalhar a religião católica pelo mundo.
Assim, verificamos que houve um mau aproveitamento da riqueza que vinha para Portugal, e que a nossa burguesia fora incapaz de assumir um papel de relevo nas trocas comerciais, tal como fizera a burguesia holandesa ou inglesa, notar que a companhia da índias ocidental era composta por capital puramente privado e organizava o comércio externo.
Concluo assim que em Portugal há falta de investimento privado, a máquina estatal, desde sempre assume as despesas para com a sociedade, não incentivando o surgimento de investimentos privados, que não os sobre a forma de lobbys.
Espero ter ajudado a simplificar a ideia de esquerda e direita a quem visite este blog.
Bruno Pereira
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