domingo, 13 de fevereiro de 2011

Fim da Linha de Leixões

A partir do dia 1 deste mês, a CP deixou de transportar passageiros na Linha de Leixões. Segundo comunicado oficial “A razão prende-se com o facto de não estarem reunidas as condições para a continuidade da exploração do serviço.”

Esta linha ferroviária, que desde 1966 passou a ser exclusivamente utilizada para transporte de mercadorias, viu os seus serviços de transportes de passageiros serem parcialmente retomados em Setembro de 2009. Inicialmente serviria apenas quatro estações: Ermesinde, São Gemil, São Mamede Infesta e Leça do Balio, sendo anunciada a abertura de mais dois apeadeiros, na Arroteia/ Efacec e no Hospital de S. João, até Junho de 2010 e até ao final desse mesmo ano entraria em funcionamento a totalidade da linha (com cerca de 19 Km) com a abertura da nova Estação Intermodal de Leixões. Efectivamente, os prometidos apeadeiros e a Estação Intermodal de Leixões não se concretizaram nos prazos assumidos, o que precipitou o encerramento da linha.

A inauguração da linha, pouco tempo antes das eleições legislativas, ainda que incompleta foi justificada com a urgência de se iniciar a tempo do inicio do ano lectivo 2009/2010, assegurando assim a ligação de Leça do Balio a Ermesinde em cerca de 16 minutos.

O anúncio oficial do retomar dos serviços de transportes de passageiros na Linha de Leixões foi feito a 22 de Maio de 2009, numa cerimónia realizada no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, e que contou com a presença da Secretária de Estado dos Transportes, Dra. Ana Paula Vitorino, e do Presidente da Câmara de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto.

Em comunicado, a Secretária de Estado Dra. Ana Paula Vitorino afirmou que "Até final de 2011 o plano total de remodelação da linha tem de estar a funcionar" e que apesar de o projecto só ficar concluído em 2011, foi decidido "avançar de imediato" com o processo de construção da nova estação do Hospital de S. João (apostando na intermodalidade com o Metro do Porto e a STCP) e a remodelação do apeadeiro da Arroteia, para servir a população ali residente e os trabalhadores da Efacec. "Depois, até final de 2011, a linha irá ao Senhor de Matosinhos, com a construção da Estação Intermodal de Leixões", acrescentou, salientando já ter dado "instruções e cobertura legal à Refer para prosseguir com todos os trabalhos necessários" nesse sentido.

"Quando a linha estiver concluída vai ter um grande impacto na capacidade da região para se promover do ponto de vista turístico, porque atravessa zonas muito interessantes do ponto de vista paisagístico". Para Ana Paula Vitorino, os 500.000 euros até agora investidos na Linha de Leixões são um valor "completamente marginal face aos benefícios que dele advêm". "O que está em causa no sistema de transportes, particularmente no ferroviário, não é apenas uma análise financeira, porque esta não tem em conta a equidade no acesso ao território, que é uma questão de democracia e liberdade", sustentou.

A Linha de Leixões é vista como essencial para aumentar a mobilidade na Área Metropolitana do Porto, podendo funcionar como o anel estruturante em complementaridade com o Metro do Porto, fazendo a ligação entre o Hospital de São João (linha amarela do Metro) e zonas com grande densidade populacional, como Matosinhos e São Mamede Infesta e as zonas industriais da Efacec e da Unicer.

No entanto, esta reactivação precipitada, com fins exclusivamente eleitoralistas, levou a gastos exacerbados do erário público, nomeadamente, 6,8 milhões de euros em material circulante e 340 mil euros por ano com pessoal, numa linha, ainda, sem as interfaces necessárias para tirar proveito da sua localização. A reactivação da circulação na Linha de Leixões é urgente mas deve ser feita após a conclusão dos apeadeiros, do Hospital de São João e da Arroteia, e da Estação Intermodal de Leixões. Sem estes a linha fica amputada, e o número potencial de utilizadores que pode servir reduz-se drasticamente, deixando, assim, de ser um serviço rentável.

2 comentários:

  1. Um bom texto que faz a análise de um investimento que,para além de não ser racional,visou apenas uma campanha eleitoral,como agora se comprova com o fecho da linha aos comboios de passageiros.
    Medidas como esta não podem ficar esquecidas na hora de responsabilizar os representantes políticos da população mamedense e matosinhense.
    Mais uma vez,parabéns pelo texto,Nuno.

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  2. Parabéns pelo excelente relato deste conto ridículo, que tem merecido um seguimento atento do núcleo do PSD em SMI.

    Louvámos a iniciativa socialista de reactivar o serviço de passageiros entre São Mamede, Hospital de São João e Leixões (http://diptta.blogspot.com/2009/09/espera-da-linha-de-leixoes.html), ideia que tínhamos chegado a propôr previamente (http://diptta.wordpress.com/estudosprojectos/sao-mamede-de-infesta/linha-leixoes.html).

    Criticámos, no entanto, a decisão de abrir a linha a passageiros sem assegurar a ligação ao hospital e a Matosinhos (http://nucleopsdinfesta.blogspot.com/2010/03/o-desenvolvimento-da-rede-do-metro-do.html).

    Mais uma vez, o executivo socialista na CMM engana e prejudica os seus munícipes.

    É hora de mudar!

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